Desligado do lado exterior, daqueles que já toleram a rotina, que já enfrentam tudo como o pouso do costume, aparte disso, chego a casa, janto qualquer coisa, nem sei bem o quê! Um cansaço, por andar e andar, parecendo que tudo é perto, mas afinal ainda é longe, habituado ao local pequeno onde habitava e agora aumentou, mas não deixo de percorrer aqueles caminhos. Saio de casa, breve noite, serena de luar risonho. Lá no fundo ouve-se a voz de quem ainda está acordado, e prossigo avenida a baixo, corto pela zona histórica, dizem que não tem muito que se lhe diga, mas há noite tudo se torna especial, tudo se torna diferente, e um som me entoa pelos ouvidos. Uma guitarra e um assobio, uma musica já minha conhecida, que para a pessoa em questão e forma de ganhar algumas moedas no dia a dia. Expressão triste e alegre, triste pela forma de vida que lhe foi dada, alegre por exprimir felicidade na música. Ponte de Santa Clara, e lá vou eu, sem saber para onde o vento me leva, caminho sem parar, como se fizesse aquilo há anos, de repente paro e olho para trás, deparo-me com algo que já esperava. Isto só tem a sua graça do lado oposto, quem vê de fora, acha bonito, mas quem lá está, não pensa assim. Aquele monte todo, ergue-se imperialmente cheio de luz e força, faz denotar toda a história que lhe persegue. É mesmo uma visão única, que me faz prosseguir rua abaixo. Regresso, e volto pelo mesmo sitio por onde fui. Já lá não estava aquele musico, que fazia entoar um sorriso na cara de alguém, agora simplesmente paira silêncio, tudo sossegado, apenas um berros de alguém que ainda está acordado bem lá ao longe. Mas por súbito, e de local que ainda estou para desvendar, ouço algo, que me palpita atenção e me faz parar olhando para cima. Suspiro, respiração mais forte, bafos, não sei que qualificar aquilo, simplesmente que vinha de uma situação bem aproveitada, mais ainda, era um ruído feminino, um timbre suave e doce. Imensas janelas abertas, pois não consigo calcular de qual veio, mas que foi estranho foi. Sorte que eu tenho, de passar ali, bem podia ser mais tarde ou mais cedo, mas teve de ser ali aquela hora. Que destino! |